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Seis horas... Uma curva inesperada... E o coração batendo forte..
Em casa paredes alvas a esperava...
Ela tocou o cabelo... Esfregou os olhos pra ver se não era um sonho ruim..
O ar esta frio.. A umidade do ar tornou-o mais denso..
O lugar esta abarrotado.. Mas ainda sobram lugares..
E quando o calor do fogo não aquece...
Houve dias de suficiência...
Mas.. O quanto aquiescer de tanta ausência?

Ela disse não..
Disse não, pois achava que não era forte o suficiente para dizer sim..
Imaginar um futuro, a leva a pensar..
faltariam as letras, e sobrariam as palavras erradas..
ainda que hajam brilhos e ventos..
ditas liberdades de opinião..
feitiços lançados, ricochetes e lampejos..
O suor escorrendo... incontrolaveis batimentos
nunca se sabe a exatidão.. apenas se sabe..
incondicional... indiscreto.. irrepreensível...

um dia.. algum dia... quem sabe

..beije-me assim que acordar..

Antes da Lua esmaecer
E mesmo que adormeça... Os minutos parecem longos
Luzes e vozes.. Resplandecentes na parede
Apenas uma sociedade comunista
Aplicando um fascismo invisível
Através de um caixote de luzes coloridas
O “tac” incomoda...
O aconchego da cabeça esta mais solido
Faz frio. Pés gelados. Nariz gelado...
Sem mais doçura... Pedaços espalhados do que falta
Antes do Sol nascer...
Como se eu pudesse dormir tranquila
Tantas coisas a ouvir
Mas não possuem volume
Balbuciando uma avalanche de informações
Que são veríssimas, mas nulas...
O sol já nasceu...

Depois do céu tem outro céu
Ou nem o céu existe mais?
Será que o sol é de papel?
Será que as nuvens são de gás?
Se o mar começa noutro mar
Quem é que tira o sal do sal?
Antes do dia começar
A noite é quase imortal

Se nada tem um fim
Quem é que fez o não
Se a nossa vida quer assim

Eu viajei no tempo só por você
E me perdi no final quando encontrei seu olhar
Nossos destinos desenhando espirais
Eu entendi o sinal pelo seu jeito de rir pra mim

Se existe outra dimensão
Em que você não é você
Quem é que sabe a direção
Pra encontrar quem não se vê?
Se o tempo sempre tem razão
E tudo sempre vai mudar
Pra que manter os pés no chão
Se todo mundo quer voar?

Se nada tem um fim
Quem é que fez o não
Se a nossa vida quer assim

(Espirais - Marjorie Estiano)

Eu quis entender o que não se explica
Quis ser pequena quando ainda era grande..
Tive vontades.. silêncios.. duvidas..
Tive fobias.. tive repressões.. tive que fazer descrições..
Eu quis ver as coisas como elas realmente deveriam ser..
Chamaram-me a atenção os brilhos inenarráveis
Os toques ternos.. os timbres atenuadores..
E ainda me restam duvidas.. porém milhares de certezas..
De que aguarda-se algo.. ajeita-se.. cria-se..

as vezes doi..
apenas doi..
eu gritaria se possivel... mas.. nao sou tao forte o bastante
sorrindo.. como se tudo estivesse bem e elegante..
espaços de exercitos simplesmente vazios..
mas... ainda doi..
e doi muito...



um dia.. algum dia... quem sabe...